Nos últimos 10 anos o setor energético tem passado por mais mudanças que nos cinquenta anos anteriores. A produção de gás de xisto nos EUA aumentou quase dez vezes, diminuindo a importação americana aos menores níveis desde os anos 1980.
O custo da energia solar baixou tão consideravelmente que se equiparou às fontes tradicionais em algumas partes do mundo. Isso apesar de especulações anteriores preverem alta do preço devido a escassez de silício adequado para a produção de placas. Depois do desastre de Fukushima, muitas nações desenvolvidas têm deixado de usar também as usinas nucleares.
Com essa mudança em mente devemos estar preparados, já que os próximos dez anos serão tão imprevisíveis quanto os últimos. A aparição de tendências para 2030, entretanto, nos leva a pensar que o futuro é positivo.
Transportamo-nos para o futuro e apresentamos aqui as cinco mais importantes tendências que esperamos poder ver nos próximos anos:
1. A implementação de um preço para o carbono
O comércio de licença de emissões nacionais na China teve alguns problemas iniciais após seu início em 2017. Apesar disso, no começo dos anos de 2020 ele foi responsável por 50% da redução das emissões chinesas. A presença de um regime reduziu a preocupação com perda de competividade em outros países.
Com isso, mais nações passaram a implementar seus próprios regimes de comércio de emissões. Ao fim, todos os países incluíram o setor energético em seus regimes, e isso resultou no impacto nos preços de fontes a partir de combustíveis fósseis e o aumento da atratividade de investimento em renováveis ao redor do mundo.
Depois da decisão da Comissão Europeia de retificar o excesso de alocação de licenças no Regime de Negociação da UE, os mercados europeu e chinês puderam ser vinculados.
Na metade dos anos 2020, os novos regimes americano e canadense-californiano começaram a negociar sua inclusão no sistema. As novas inclusões moldam um caminho para a instituição de um preço global para o carbono até 2030. Isso significa que haverá um único preço, aplicável ao redor do mundo, para o direito de emitir uma tonelada de CO2 na atmosfera – promovendo uma simples e poderosa iniciativa para a transição para fontes de energia limpa.
2. Investimento em renováveis quadruplica enquanto o desinvestimento em carvão é difundido
Em 2013, os EUA pararam de investir em novos projetos de geração a carvão no exterior. No mesmo ano, o World Bank Group limitou seu financiamento para novos projetos à base de carvão. Incentivado por iniciativas anteriores, em 2015 o Norwegian Sovereign Wealth Fund prometeu desinvestir nesse tipo de fonte. Estimulados pelo crescente foco no risco de longo prazo associado a ativos alienados, fundos de pensão e outros investidores institucionais seguiram o exemplo nos anos de 2020, alterando seus investimentos para fontes renováveis em todo o mundo.
Por volta de 2030 haverá mais de $1.2 trilhões investidos anualmente ao redor do mundo em renováveis, mais de cinco vezes o investimento em combustíveis fósseis.
3. O engajamento público em energia se espalha por áreas com energia de propriedade comunitária
Muitos países desenvolvidos não atingiram seus objetivos de eficiência energética nos anos de 2020 devido à falta de engajamento público. Consequentemente, os governos foram forçados a focar na descarbonização da geração de energia. Isso levou ao aumento de incentivos financeiros e diminuiu as barreiras regulatórias para microgeração com fontes renováveis. Saiba porque a eficiência energética é a melhor oportunidade para redução de emissões.
Em 2030, a microgeração gera mais de 50% da energia em países desenvolvidos, contra menos de 5% em 2016. Além disso, pesquisas indicam que essa área têm tido aumento na utilização de tecnologias voltadas à eficiência energética, consumo energético reduzido, e muito menor resistência às tecnologias como a microgeração eólica.
Os políticos começam a ver a microgeração como forma de conseguir que os cidadãos se engajem na produção de energia. Além disso, a medida pode estreitar barreiras socioculturais para uso de fontes renováveis mais acessíveis.
4. A Europa se torna o centro de produção da próxima geração de renováveis
Tendo perdido muito da produção de fotovoltaicos para a China, os europeus se prepararam para que isso não se repetisse. A próxima geração de renováveis pôde ser dominada pela Europa, que investiu pesado em P&D junto a empresas multinacionais.
A Europa torna-se o centro de produção de películas solares fotovoltaicas. A tecnologia de impressão contínua permite a produção de painéis tão eficientes quanto os convencionais de silício, a uma fração do custo convencional.
A impressão 3D possibilitou custos menores e produção mais rápida de grandes pás para turbinas eólicas, ao reduzir a complexidade e a intensidade do uso de energia na produção. Em 2030, a Europa é o centro da produção de renováveis. Mercados crescentes ao redor do mundo para a nova geração de tecnologias que estão sendo produzidas confirmam a hegemonia europeia.
5. O lobby pelos combustíveis fósseis está (quase) extinto
A difusão da eletrificação de transporte e aquecimento, a transição para as Smart Grids, e o grande aumento da necessidade de armazenamento de energia criou oportunidades para companhias se envolverem no setor energético. Como esperado, as start-ups lideraram inicialmente, mas em 2030 o mercado é dominado por companhias fortes anteriormente em outros setores.
Essas companhias maduras sabem quais condições do mercado são necessárias para que novos produtos prosperem, e como chegar a isso.
Em 2030, o lobby pela energia está diferente. Poderosas vozes, uma vez preocupadas com subsídios agrícolas ou qualidade de ar, pedem agora preços de energia que reflitam em termos de custos e a remoção de subsídios dos combustíveis fósseis.
Os responsáveis pelos interesses do passado estão percebendo que seu controle sobre a energia está em declínio.
Fonte: World Economic Forum