Por: Rosane Fukuoka
dez. 19, 2016
Eficiência Energética
Há uma década, o comissionamento ainda era um processo obscuro ligado à ativação de grandes máquinas. Os profissionais especializados nessa área trabalharam quase exclusivamente nas linhas de produção das fábricas, especialmente no setor farmacêutico. Nos últimos anos, as construções se tornaram mais complexas. Ao incorporar automações de alta tecnologia e sistemas interligados fornecem maiores níveis de conforto, qualidade ambiental e eficiência de recursos.
As habilidades das equipes de projeto, instalação e operação nem sempre acompanham a complexidade das tecnologias instaladas nos edifícios mais modernos. Isso cria a chamada lacuna de desempenho (em português “lacuna de desempenho”), em que prédios sustentáveis e certificados consomem muito mais energia do que deveriam. Estudos agregados sugerem que, ao redor do mundo, a gap representa um consumo médio 37% maior em prédios reais e mensurados do que nossos modelos usados para prever seu desempenho, que compartilham a operação correta e servem para receber os certificados de sustentabilidade. Projetos como o CarbonBuzz investigam isso, e mostram várias razões para a lacuna de desempenho. Muitas delas estão ligadas à qualidade de instalação, defeitos de projeto e estratégias operacionais na construção.
O comissionamento em edifícios é um procedimento baseado em qualidade, que se desenvolveu rapidamente nos últimos anos pois os proprietários de edifícios reconheceram a necessidade de garantir o desempenho de suas construções. Com o aumento do número de edifícios sustentáveis e a necessidade de demonstrar bom desempenho operacional (não apenas um certificado de sustentabilidade no estágio de projeto), ele se torna parte essencial de projetos para novas construções e retrofits.
Um agente de comissionamento deve ser contratado na primeira fase do novo projeto, e trabalhar como agente técnico. O papel desse profissional é garantir que, no final, o edifício esteja de acordo com as necessidades do cliente. Isso é feito ao manter uma cópia dos requisitos iniciais, registrar as estratégias de projeto previstas e rever as fases do projeto detalhado e construção para aprovar mudanças, identificar as inconformidades e ajudar a resolver problemas. O agente de comissionamento deverá garantir que a documentação necessária seja fornecida pelos projetistas e instalados, para que os sistemas sejam adequadamente programados, fechados e desativados.
Durante os últimos estágios de construção, os projetos normalmente sofrem com prazos apertados e excesso de custos; o empreiteiro e as equipes de instalação não veem a hora de sair do canteiro de obras. Nessa fase é essencial que o agente de comissionamento participe da ativação, programação e avaliação final dos equipamentos. O agente realizará testes de desempenho em uma amostra de sistemas de construção, antes que o cliente encerre o projeto.
Na Mitsidi, nós quase sempre encontramos problemas sérios nos avanços finais de projetos de construção. Sejam sistemas de ar condicionado testados de forma inadequada, iluminação com zonas independentes de maneira incorreta ou completas de ar externo filtrado de maneira indireta, é vital que esses problemas sejam reparados o mais rápido possível, para que sejam resolvidos sem custos adicionais ou atrasos.
No Brasil, o comissionamento é altamente embasado nos requisitos para certificação LEED. Apesar disso, a maior parte do nosso trabalho vem de proprietários-operadores que não buscam nenhuma certificação. O objetivo geralmente é garantir o desempenho operacional de seus edifícios.
Em muitos casos, nosso trabalho de comissionamento tem evitado a necessidade de retrofits caros em projetos recém-construídos. Ao identificar esses problemas antecipadamente, podemos resolvê-los no canteiro de obras.
Nós da Mitsidi vemos isso como parte do procedimento de projeto integrado. Fornecemos consultoria energética no estágio de projeto e garantimos o desempenho ao seguir todo o processo de comissionamento.
O comissionamento é uma decisão orientada pela questão financeira. A energia consumida no edifício é uma das maiores despesas operacionais. Qualquer construção que não atinja os padrões de qualidade ambiental limitará severamente a produtividade de seus ocupantes. Além disso, poderá gerar multas.
É fácil e barato tornar um edifício mais eficiente e sustentável com pequenas alterações nos estágios de construção e projeto. Isso, entretanto, torna-se muito mais caro nas outras fases futuras