Por Alexandre Schinazi
No nosso último post, escrevemos sobre a proximidade de uma crise energética no Brasil, causada pelo aumento da geração termelétrica nos últimos anos em função da falta de água nos reservatórios. Vamos analisar o que isso acarreta, além do já conhecido aumento das emissões de CO2, dividindo as prováveis consequências em três aspectos: falta de potência, falta de energia e aumento de preços.
A falta de potência ocorre quando a quantidade total de energia que está sendo usada num determinado momento ultrapassa a quantidade total que as usinas podem gerar naquele instante. Quando a demanda na hora de pico supera a oferta das usinas, que já está perto de seu limite, uma parte da rede elétrica nacional é desligada para evitar sobrecarga, causando apagões. Esse é um risco a curto prazo que pode ser reduzido através de medidas para melhorar a distribuição temporal do consumo ao longo do dia. As soluções variam desde mudanças de hábitos até sistemas de automação em indústrias e edifícios corporativos, e podem ser realizadas com o auxílio de análises energéticas para entender o perfil de consumo.
Estados afetados pelo apagão de 19 de janeiro de 2015
Fonte: noticias.r7.com
No entanto, alterações no horário de consumo podem não evitar o segundo risco, o da falta de energia. Com a baixa nos reservatórios e as termelétricas rodando perto de sua capacidade máxima, uma falha num equipamento crítico pode fazer com que a produção máxima de todas as usinas ao longo do dia não seja suficiente para suprir o consumo diário. Isso pode trazer de volta um racionamento como o de 2001, o que seria uma medida paliativa; porém, o que realmente precisa ser feito (há muito tempo) são ações preventivas de eficiência energética apoiadas por políticas públicas, e incentivos governamentais à geração distribuída de energias renováveis em larga escala. No âmbito privado, indústrias, empresas e residências devem trabalhar com especialistas para mapear seu consumo e identificar oportunidades rápidas de economia a um baixo custo. Apesar de muitas empresas focarem suas consultorias na substituição de equipamentos normalmente caros, há inúmeras oportunidades mais baratas, eficazes e pouco exploradas através de melhorias operacionais e otimização de procedimentos de uso de energia.
A terceira consequência é o encarecimento da produção de energia, que pressiona financeiramente todo o sistema, desde as concessionárias até o consumidor final. Analistas estimam que os aumentos das tarifas em 2015 possam atingir 50% em algumas regiões, apesar de o Minsitro de Minas e Energia, Eduardo Braga, ter declarado em janeiro que “com certeza” ficarão abaixo de 40%. Contudo, os primeiros reajustes já aprovados, em efeito desde 3 de fevereiro, trouxeram aumento médio de 33%, atingindo 46% para uma concessionária específica em São Paulo.
Está claro que uma redução significativa do consumo energético é mais necessária do que nunca, seja para evitar apagões como o de 19 de janeiro, que ocorreu em onze estados, seja para proteger o bolso, já que um novo aumento brusco das tarifas é esperado em março, para consumidores grandes e pequenos. O uso crescente das termelétricas não é o único motivo para esses acréscimos. Leia nos nossos próximos posts por que os preços vão subir ainda mais, e de quanto pode ser o aumento.
Nós da Mitsidi acreditamos que muito pode ser feito para reduzir custos de energia apesar do aumento das tarifas, através de medidas de eficiência energética e melhorias na gestão e operação predial.